terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Animicida

Jensen um dia se viu no fundo do poço, todos os seus sonhos foram fortemente torturados aos poucos cada segundo pela realidade destruindo e devastando quase por completo qualquer que fosse um sinal de possibilidade para ele, de certa forma com o passar das ilusões ele fora se conformando diante da sociedade, mas em seu interior romântico ele ainda insistia em manter seus devaneios utópicos quanto a mudar o mundo de seu modo e transformar-se em um ser de alma tão sublimemente elevada que seria idolatrado como um deus ou apenas idolatrado por si mesmo o que já lhe bastaria em partes, mas o que tinha não era nada nem perto disso era só um homem qualquer de semblante qualquer do qual ninguém via, nem mesmo ele ao se olhar no espelho, só o que precisava era alimentar seu ego e espírito provando pra si que o que via do que existe não é nada comparada a real existência que os olhos humanos ainda não veem!
Nesse dia ele atormentado por suas ideias e confusões emocionais quanto ao que era real e ilusão presente em seu ser, decidiu fugir de si se retirar de sua falta de ligação entre corpo e alma se tornando só sua alma, despir sua alma de roupas que lhe foram vestidas obrigatoriamente sem que ele se dessa conta, decidiu que não seria sua vida resumida mais em melancolia, angustia, mentiras, queria ser finalmente livre de si mesmo, voar sem limitações, descobrir o desconhecido!
Aquilo enchera seu espírito aprisionado de esperança, mas novamente a realidade lhe arremessara um gigantesco obstáculo, como remover aquele calculo obvio do limite do ser que impede que o mundo seja um lugar paralelo onde tudo fosse possível onde o imaginar fosse o bastante para fazer surgir o impossível, contudo o obvio impede a liberdade existencial. Seria a morte a única forma de desvencilhar das correntes da vida? Ou seria a morte apenas mais uma solução utópica, e ela só levasse o condenado a acabar com a dor e com o resto todo incluindo a ultima esperança do espírito?
Sentiu-se condenado ao fim de tudo ante as amarras da vida.
Foi então desolado se arrastava pelos breus das ruas geladas, olhava o chão seu nariz estava rosado pelo frio, esfregava as mãos para se aquecer enquanto murmurava seus pensamentos e ideias adversas quanto a sua busca interminável com um provável fim frustrante, nisso depois de muitas horas vagando surgiu uma ideia em sua mente já exausta que só parecia falhar e quase se desligar da realidade por completo para não mais sentir, mas a ideia mesmo louca para ele era sua única saída, se falhasse um buraco mais gigante ainda surgiria em si destruindo seu bem mais precioso o seu coração e possivelmente a lucidez que ainda o restava, porem a ideia poderia ser sua salvação para toda aquela agonia que o enchia por completo a cada pensamento seu e a cada respirar profundo transbordando infelicidade, ao vir à ideia ele sorriu foi um sorriso rápido ele não podia falhar ou toda sua esperança se esvaeceria por completo e ele se tornaria apenas um moribundo pronto para morrer da pior forma possível.
Claro que sua ideia era intensamente perigosa para ele, já lera em inúmeros contos e livros, ouvira de muitos amigos sobre como tudo aquilo podia ser devastador, mas queria arriscar não tinha mais o que perder e essa era à única ideia que a realidade comportava, porem a realidade poderia ser com ele cruel como de sempre, mesmo assim decidiu que acharia um amor para si, conheceria o amor, não um amor comprado que estavam os homens acostumados naquelas calçadas imundas, ele buscava o amor sem moeda de troca, haveria de ter uma moça que se apaixonaria por ele e ele pudesse experimentar a sensação que poderia o curar, jamais recebera amor de alguém sua mãe morrera e seu pai o abandonara com isso ele viveu em orfanatos e alguns anos na rua.
Então naquela noite voltou para casa menos infeliz, no dia seguinte e depois durante vários meses após frequentar todos os tipos de lugar até mesmo a igreja ele se sentira desmotivado nenhuma moça o causou interesse amoroso, até que numa noite conheceu uma dama de semblante resplandecente cabelos longos e ondulados ela se demonstrava tão sublime, estavam em um evento onde Jensen foi, pois fora chamado por um velho amigo era um evento político onde discursaria o celebre prefeito para sua candidatura nas próximas eleições, para Jensen aquele homem discursando o causava ojeriza, seu mal estar estava ficando tão grande ao olhar os olhos gordos daquele homem de barba mal feita o jeito em que pronunciava as palavras de forma um tanto irônica e pretensiosa só fazia aumentar seu desconforto, o incomodo foi tanto que Jensen se sentiu impossibilitado de continuar a ouvir e ver o prefeito, porem ainda estava encantado com a dama, mas se levantou aguardaria lá fora para que pudesse depois ir conversar com ela, ao se levantar arrastou a cadeira de maneira a que todos os presentes o olharam, ele tímido pensou em recuar, mas suava frio com tamanha moléstia, tentou o mais discretamente possível sair de vez do lugar e o fez, aguardou sentado às escadarias do palácio governamental, demorou demasiado tempo até acabar o discurso, nesse tempo pensou no que dizer para dama pela qual viu e criou fascínio imediato, ele sabia que era ela pela qual procurava para tentar sua ultima ideia de esperança vital, ao ouvir aplausos soube que o discurso terminava e teve mais certeza ao ver as portas se abrirem e de lá sair às pessoas apressadas para irem embora daquela chatice, presumiu!
Viu atentamente todos que saiam pela porta, mas a quem esperava ansiosamente não saiu de lá, ele estranhou os seguranças iam fechando a porta, porem ele pode espiar antes que a fechassem nisso viu-a com seu vestido preto longo de seda ela estava nos braços do discursador, aquilo o causou tamanha decepção, como que sua dama podia fazer aquilo com ele? Pensava. Naquele momento conheceu a dor de que os livros diziam que o amor podia causar, e ele a amava, sentia isso a queria para ele, como ela podia estar nos braços daquele homem repugnante que discursara de forma imensamente nojenta, a pele dele tudo causava tanto calafrios em Jensen como sua dama não sentira o mesmo! Nisso Jensen derramou lagrima de ódio e tristeza, mas não desistiria provaria a dama seu amor incontestável acabaria com a existência asquerosa do candidato a prefeito e aquilo faria aquela noite tornar-se sua realidade de heroísmo e romance, e talvez aquilo bastasse para sua alma se aquietar por um bom longo tempo talvez até mesmo por toda uma eternidade bela de um final feliz.
Pela brecha da porta viu o que preferiu observar e crer como um homem ruim tomando a dama perfeita em seus braços e ela inocente não sabia que o amor podia ser algo bom, por isso aceitava os carinhos daquele homem sórdido, mas descobriria quando Jensen a salvasse –ele acreditava -. Poucos minutos depois o candidato a prefeito saiu com sua mulher entraram em um carro, Jensen não tinha um carro para que pudesse segui-los, mas ao olhar para os lados encontrou um taxi correu e o pegou pediu de forma clichê que o taxista seguisse o carro da frente, o taxista assim o fez, logo pararam o carro entraram numa casa grande e vasta com um jardim lindo repleto de diferentes tipos de flores. Jensen pediu que o taxista parasse o pagou e ficou observando de longe o casal entrar na casa, Jensen desde quando se virou nas ruas perigosas das cidades aprendeu a pular muros altos, entrar em lugares sem que fosse pego por alguém, pulou o muro da casa que dava acesso ao jardim lá se deitou encolhido sobre uma moita ficou ali acometido pela tristeza de seus atos, não sabia o que fazer, mas sabia que não conseguiria dar continuidade a sua vida diante de tamanhos infortúnios, estava alucinado entediava-se a cada pensamento, desejava acabar com sua agonia, nada daquilo fazia o menor sentido se desmotivava, mas também sentia que algo devia fazer buscar sua amada era a única coisa que lhe restava, mas entrar na casa matar o homem que estava com ela? Era a única ideia que ele tinha como saída pra tamanho enrolamento emocional.
Seus sentimentos estavam confusos ele queria chorar, queria fazer algo, mas temia a cada mover que seu corpo dava, não queria fazer nenhuma bobagem, mas também pensava que sua existência em si já era uma bobagem, as lagrimas escorriam sem que ele nem mesmo fechasse as pálpebras elas escorriam de monte seus olhos choviam tristeza sua dor começou causar-lhe inquietação, perderá a razão nem conseguia desejar sua própria morte como de costume, pensava em desaparecer, pensava em evaporar e nunca ter existido, pensava em abraçá-la, no fim só tinha pensamentos impossíveis de se tornar realidade, mas á isso ele já estava acostumado.
Respirou fundo secou inutilmente suas lagrimas que não cessavam em encharcar seu rosto, decididamente entrou na casa pulando uma das janelas que estava aberta ao entrar estava num corredor era comprido cheio de quadros nefastos um em particular o manteve por algum segundo extasiado era um lugar como uma ilha de rochas tinha arvores as pontas delas movimentavam o quadro, o mar parecia repousar, na entrada para a ilha fúnebre chegava um barquinho deveria ter almas condenadas e algum ser que levava os mortos para lá, mas sua interpretação foi interrompida ao ouvir um sutil barulho de mover de roupa de seda, viu-a ela estava só subia um escadaria em espiral ela não o viu, mas ele pôs a segui-la, o lugar era grande e confuso parecia um labirinto a casa era escura os poucos lugares iluminados estavam com velas ou as janelas estavam abertas e recebiam claridade da lua, subiu a escada quando ela já estava em outro corredor perseguia com medo de perdê-la de vista e perdia a cada trocar de cômodo que ela dava e ele andava com pressa tentando fazer silencio de repente uma porta se abre no corredor em que andeja Jensen e sai da porta o prefeito que segura uma arma, Jensen apenas ouve-o dizer “ladrão, você morrera” e em seguida um disparo no peito de Jensen. O prefeito entra novamente de forma fria a sala e a fecha sem nem esperar para ver o corpo cair morto no chão...
Em seguida depois de ouvir a porta fechar, Jensen se sente morto fisicamente não sabes se cai morto no chão sente a sensação mais estranha que já tiveras, como se o sopro da vida lhe fugisse sente perder seus movimentos, mas sua mente parece trabalhar e dar-lhe os movimentos físicos de forma menos intensa e confusa para ele real, mas não era!
Jensen pensa: “Agora caminho em busca dela por dentro desse gigantesco casarão, é estranho ela parece estar sempre sumindo a uns 20 passos a minha frente, e eu pareço estar a dezenas de séculos caminhando atrás dela pelos mesmos corredores, sentindo a morte presente, mas sempre escapando, serás apenas um Deja vu? Nostalgias? um sonho dentro do sonho de toca-la? Não sei mais meu corpo sangra, penso em estar ensanguentado caído no chão desfalecido, serás que morri se isso for à morte estou condenado a pagar pelo meu crime vendo o vulto de minha amada repetidamente de forma rápida enquanto inutilmente a sigo, penso em cair de desistência e talvez com isso levem minha alma já morta junto ao meu corpo também morto, mas em segundo esqueço qualquer pensamento e recomeço meu caminho fixado em alcança-la mesmo que leve a eternidade, e talvez leve!”.
Os livros estavam certos e Jensen se tornou escravo condenado de seu amor, enlouqueceu morreu de alma e de corpo, tanto a vida como a morte mantém-lhe preso a uma rotina insana com um propósito ilusório, vagou em busca de seu propósito de viver até em morte!

Por: Uma Bostoniana


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